sábado, 15 de março de 2014

Crônicas de Anna: Introdução de Trás para Frente



Oi, meu nome é Anna de trás para frente se escreve annA que é a forma como a minha vida é: de trás para frente. Essa é uma daquelas expressões engraçadas que ouvimos desde criança e que não entendemos muito quando pequenos, mas que faz todo o sentido quando envelhecemos. E talvez você se pergunte o porquê da minha vida ser de trás para frente e uma das razões seja que eu nunca cresci realmente, ou pelo menos cresci só pelo lado de fora. Não me entendam mal, para uma pessoa que já passou dos vinte estou bem esbilizada: estudo, tenho emprego, pago a maioria das minhas contas e todas essas coisas, mas ainda não me sinto realmente adulta. Onde está meu certificado de maioridade emocional? Preciso dele para me sentir finalmente “gente grande” coisa que sempre quis ser desde que me negaram a primeira coisa com a justificativa de que era muito nova para entender “dessas coisas”. Meu eu interior ainda se sente um adolescente e me sinto enganada por não ser tão crescida quanto meu rosto me mostra.

Você provavelmente está achando esse assunto muito estranho para uma primeira conversa né? Mas eu já tinha avisado que sou de trás para frente e qual o melhor jeito de conhecer uma pessoa descobrir de cara seus maiores segredos? Muito melhor do que as conversas sem sentido sobre o clima a que fui submetida todos esses anos em primeiras conversas. Esse é o tema de 99% das conversas em ônibus, filas e outros lugares onde somos forçados a ter contato com estranhos, nada como um “Como está quente hoje” ou “Parece que vai chover” para quebrar o gelo. A vida seria muito mais interessante se as pessoas puxassem assunto com frases do tipo “Traí a minha mulher ontem” ou “Nunca tive um orgasmo” assuntos muito mais interessantes que o tempo. De trás para frente é o jeito mais honesto de conhecer uma pessoa com certeza.

De trás para frente também é como pode ser definida a minha vida amorosa, ou talvez de ponta a cabeça fosse uma definição mais apropriada. Se o cupido realmente existe ele não gosta muito de mim, quem sabe que o tenha ofendido em algum momento da minha infância e ele ainda guarde rancor. Será que todos aqueles anos em que eu agia como um garoto confundiram o pobre anjo? Ele precisa saber que as brincadeiras das meninas eram simplesmente muito enfadonhas, qual é a graça de brincar bonecas afinal de contas? Carrinhos e bolas eram brinquedos muito mais interessantes e o que falar da lutas? Sempre deixavas todos os meninos no chinelo. Talvez esse meu comportamento tenha confundido Cupido e ele simplesmente não consegue acertar sua flecha em um alvo minimamente aceitável, quando não é safado, é psicopata ou simplesmente estranho demais até para mim. Cupido simplesmente faz minha vida ainda mais de trás para frente com toda essa confusão.


Enquanto isso vivo minha vida de adulta adolescente com sérios problemas de bipolaridade, ainda tenho que contar para você sobre minha obsessão por Star Wars, Angelina Jolie e meu amor pelas breguices da vida, mas isso é assunto para uma outra hora. Por agora chega dessa introdução de trás para frente antes que já deixou até eu mesma confusa. 

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